quinta-feira, 6 de junho de 2013

Isabel Alarcão


Professores Reflexivos em uma Escola Reflexiva

Nesta obra a autora Isabel Alarcão nos apresenta a importância da interação entre escola, professor e a comunidade no processo de ensino-aprendizagem, a necessidade da auto-avaliação e reflexão do professor e da escola durante a caminhada no seu processo educativo interagindo e somando esforços no objetivo de encontrar novas soluções para os problemas vivenciados no seu cotidiano escolar, mostrando as competências exigidas aos professores em se tratando do alargamento das fronteiras na busca pelo conhecimento e metodologias que permitam prestar um ensino de qualidade enfatizando bem a posição da escola, do professor e do aluno perante as exigências da sociedade da informação, do conhecimento e da aprendizagem.


A FORMAÇÃO DO PROFESSOR REFLEXIVO PARA E NUMA ESCOLA REFLEXIVA NUMA SOCIEDADE DE APRENDIZAGEM


A Sociedade da informação em que vivemos exige competências de acesso, analise e gestão da informação oferecida. A escola tem papel fundamental na aquisição, reconhecimento e desenvolvimento dessas competências, refletindo e buscando soluções a fim de minimizar as diferenças de acesso a informação e promovendo a igualdade de oportunidades para todos, evitando a exclusão social, ou seja, a info-exclusão.
Devido às dificuldades que o cidadão comum tem em administrar a avalanche de informações, novas idéias e oportunidades, desafios e ameaças que o cercam, é necessário que um mundo tão rico em informações estimule o desenvolvimento do poder clarificador do pensamento, porque a informação quando não organizada, não se constitui em conhecimento, não é saber, e não se traduz em poder, Alarcão,2003.
É imprescindível sistematizar os conhecimentos que buscamos, pois precisamos ter noção do que procuramos e onde podemos buscar essas informações. De posse desses subsídios, é necessário interpretar, sistematizar, distinguir o que é ou não relevante, filtrar e selecionar somente aquilo que nos servirá de base para a aprendizagem.
Só o pensamento pode organizar o conhecimento. Para conhecer é preciso pensar e ao invés de uma cabeça bem cheia reclama-se uma cabeça bem feita, (Morin, 2000). E uma cabeça bem feita é aquela que é capaz de converter a informação em conhecimento pertinente. A escola precisa possibilitar o desenvolvimento da capacidade de discernir entre a informação correta ou incorreta, pertinente ou supérflua. É urgente a necessidade de desenvolvermos a habilidade de estabelecer o pensamento aliado a ação em função da informação e para isso é necessário reavaliar a maneira como as informações são repassadas e como elas são processadas pelos alunos, é preciso reaprender a aprender. Uma cabeça bem feita é aquela que é capaz de transformar a informação em conhecimento pertinente.
Neste processo de constante troca que é o ensino-aprendizagem a escola não se apresenta como a detentora do saber, más como organização que apresenta um sistema de ensino aberto pensante e flexível. Sistema aberto sobre si mesmo, e aberto a comunidade na qual está inserida, o professor neste contexto não é o único transmissor do saber e necessita se situar neste novo papel que exigirá cada vez mais dele.
O aluno já não é mais aquele que está ali somente para receber as informações e se encher dos conteúdos que são apresentados. O seu novo papel também lhe acrescenta novas exigências. Ele terá que aprender a administrar as informações apresentadas e relacioná-las para as transformações no seu conhecimento e no seu saber.
A sala de aula deixou de ser um espaço onde se transmitem conhecimentos, passando a ser um espaço onde se procura e onde se produz conhecimento, (Demo), apud,Alarcão,2003.”
O ensino é voltado para o desenvolvimento da capacidade do aluno de avaliar e administrar o andamento dos seus estudos, possibilitando ao aluno ser diretamente responsável pela construção do conhecimento adquirido e pela sua aprendizagem democratizando assim o ensino.
A sociedade da aprendizagem exige que o aluno desenvolva a capacidade de utilizar e recriar o conhecimento, questionando,experimentando, indagando, construindo um pensamento próprio, desenvolvendo meios de auto-aprendizagem, administrando a sua vida individual e em grupo, sem anular a sua identidade. Portanto, se faz necessário se adaptar e desenvolver habilidades que o capacite a lidar com situações inesperadas, assumindo responsabilidades, resolvendo problemas, aceitando os outros e trabalhando em cooperação alargando seus horizontes temporais e geográficos, capacitando-o a exercitar a comunicação, interação, estimulando-o a fortalecer a capacidade de autoconhecimento e auto-estima.
Numa sociedade que está em constante processo de aprendizado e desenvolvimento, ser aluno é ser aprendente e interagir constantemente com as oportunidades que o mundo lhe oferece, e estar em constante processo de aprender a aprender ao longo da vida, influenciar e ser influenciado interagindo de forma significativa no meio em que vive.
Na sociedade de aprendizagem é papel dos professores criarem, estruturar e dinamizar situações que incitem a aprendizagem e a autoconfiança nas aptidões individuais que cada aluno possui. O grande desafio dos professores é ampliar nos alunos a habilidade de trabalho autônomo e colaborativo, desenvolvendo o espírito crítico. Nesse contexto, os professores são estruturadores e incentivadores da aprendizagem e não estruturadores do ensino.
Para que o professor se identifique nessa sociedade de aprendizagem se torna necessário repensar o seu papel, recontextualizar a sua identidade e responsabilidade profissional e se considerar em um firme processo de autoformação e identificação profissional, ser um professor reflexivo numa sociedade profissional reflexiva.
A escola reflexiva busca formar professores que sejam seres pensantes, intelectuais e capazes de administrar sua ação profissional, é também papel da escola avaliar e questionar a si própria como agência de ensino. A atitude de reflexão constante na escola e nos professores manterá presente a importante questão da função que o professores e a escola desempenham na sociedade, ajudando a buscar soluções, resolver problemas por meio da metodologia da pesquisa-ação constituindo um processo de mudança social e planejada. Através da pesquisa-ação, do desenvolvimento da capacidade de reflexão, o questionamento dos outros fatores educativos, o confronto de opiniões e abordagens, a auto-observação, a supervisão colaborativa, as perguntas pedagógicas e outras estratégias, a escola poderá ser bem sucedida na busca pelo desenvolvimento da formação de professores reflexivos e numa escola reflexiva.
A mudança de que a escola precisa é uma mudança padigmática. Porém, para mudá-la, é preciso mudar o pensamento sobre ela. É preciso refletir sobre a vida que lá se vive, em uma atitude de diálogo com os problemas e as frustrações, os sucessos e os fracassos, mas também em diálogo com o pensamento próprio e o dos outros, (ALARCÃO, Isabel, 2001)


Referência Bibliográfica
ALARCÂO, Isabel. Professores Reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez, 2003.


Biografia
Nasceu em 09 de março de 1940 em Coimbra Portugal, licenciou-se em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Exerceu a docência do ensino secundário durante sete anos tendo sido também orientadora de estágios. Esta experiência despertou-a para a relevância da formação de professores, temática que aprofundou no Mestrado em Curriculum and Instruction que realizou na Universidade do Texas, em Austin, estados Unidos da América, em 1974- 75. Doutorada em Educação.
Trabalho Profissional
Avançou o conceito de tríptico didático (1997) para designar a tripla dimensão ou a multidimensionalidade da didática Investigativa (diz respeito ao trabalho do investigador nesta disciplina), a didática curricular (refere-se a formação curricular, inicial e ou contínua, em didáticas dos formadores e futuros formadores) e a didática profissional (refere-se as práticas dos professores no terreno escolar).

Publicações
Alarcão,(1994), “ A didática curricular na formação de professores” in A. estrela e J. Ferreira.
(Org.), desenvolvimento curricular e didáctica das disciplinas Actas do IV Colóquio Naional da secção Portuguesa da Association Internationale de Recherche en Sciences de L’Éducation. Lisboa: AFIRSE?AIPELF.
Alarcão , I . (2001), “ Novas Tendências nos paradigmas de investigação em educação”.
Alarcão, (Org), escola Reflexiva e Nova Racionalidade.Porto Alegre, Artmed Editora.
Alarcão, I. ET. AL. (2004) Percursos de Consolidação da didactica de Linguas em Portugal.

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