Professores
Reflexivos em uma Escola Reflexiva
Nesta obra a autora
Isabel Alarcão nos apresenta a importância da interação entre
escola, professor e a comunidade no processo de ensino-aprendizagem,
a necessidade da auto-avaliação e reflexão do professor e da
escola durante a caminhada no seu processo educativo interagindo e
somando esforços no objetivo de encontrar novas soluções para os
problemas vivenciados no seu cotidiano escolar, mostrando as
competências exigidas aos professores em se tratando do alargamento
das fronteiras na busca pelo conhecimento e metodologias que permitam
prestar um ensino de qualidade enfatizando bem a posição da escola,
do professor e do aluno perante as exigências da sociedade da
informação, do conhecimento e da aprendizagem.
A
FORMAÇÃO DO PROFESSOR REFLEXIVO PARA E NUMA ESCOLA REFLEXIVA NUMA
SOCIEDADE DE APRENDIZAGEM
A Sociedade da
informação em que vivemos exige competências de acesso, analise e
gestão da informação oferecida. A escola tem papel fundamental na
aquisição, reconhecimento e
desenvolvimento dessas competências, refletindo e buscando soluções
a fim de minimizar as diferenças de acesso a informação e
promovendo a igualdade de oportunidades para todos, evitando a
exclusão social, ou seja, a info-exclusão.
Devido às dificuldades
que o cidadão comum tem em administrar a avalanche de informações,
novas idéias e oportunidades, desafios e ameaças que o cercam, é
necessário que um mundo tão rico em informações estimule o
desenvolvimento do poder clarificador do pensamento, porque a
informação quando não organizada, não se constitui em
conhecimento, não é saber, e não se traduz em poder, Alarcão,2003.
É imprescindível
sistematizar os conhecimentos que buscamos, pois precisamos ter noção
do que procuramos e onde podemos buscar essas informações. De posse
desses subsídios, é necessário interpretar, sistematizar,
distinguir o que é ou não relevante, filtrar e selecionar somente
aquilo que nos servirá de base para a aprendizagem.
Só o pensamento pode
organizar o conhecimento. Para conhecer é preciso pensar e ao invés
de uma cabeça bem cheia reclama-se uma cabeça bem feita, (Morin,
2000). E uma cabeça bem feita é aquela que é capaz de converter a
informação em conhecimento pertinente. A escola precisa
possibilitar o desenvolvimento da capacidade de discernir entre a
informação correta ou incorreta, pertinente ou supérflua. É
urgente a necessidade de desenvolvermos a habilidade de estabelecer o
pensamento aliado a ação em função da informação e para isso é
necessário reavaliar a maneira como as informações são repassadas
e como elas são processadas pelos alunos, é preciso reaprender a
aprender. Uma cabeça bem feita é aquela que é capaz de transformar
a informação em conhecimento pertinente.
Neste processo de
constante troca que é o ensino-aprendizagem a escola não se
apresenta como a detentora do saber, más como organização que
apresenta um sistema de ensino aberto pensante e flexível. Sistema
aberto sobre si mesmo, e aberto a comunidade na qual está inserida,
o professor neste contexto não é o único transmissor do saber e
necessita se situar neste novo papel que exigirá cada vez mais dele.
O aluno já não é
mais aquele que está ali somente para receber as informações e se
encher dos conteúdos que são apresentados. O seu novo papel também
lhe acrescenta novas exigências. Ele terá que aprender a
administrar as informações apresentadas e relacioná-las para as
transformações no seu conhecimento e no seu saber.
“A sala de aula
deixou de ser um espaço onde se transmitem conhecimentos, passando a
ser um espaço onde se procura e onde se produz conhecimento, (Demo),
apud,Alarcão,2003.”
O ensino é voltado
para o desenvolvimento da capacidade do aluno de avaliar e
administrar o andamento dos seus estudos, possibilitando ao aluno ser
diretamente responsável pela construção do conhecimento adquirido
e pela sua aprendizagem democratizando assim o ensino.
A sociedade da
aprendizagem exige que o aluno desenvolva a capacidade de utilizar e
recriar o conhecimento, questionando,experimentando, indagando,
construindo um pensamento próprio, desenvolvendo meios de
auto-aprendizagem, administrando a sua vida individual e em grupo,
sem anular a sua identidade. Portanto, se faz necessário se adaptar
e desenvolver habilidades que o capacite a lidar com situações
inesperadas, assumindo responsabilidades, resolvendo problemas,
aceitando os outros e trabalhando em cooperação alargando seus
horizontes temporais e geográficos, capacitando-o a exercitar a
comunicação, interação, estimulando-o a fortalecer a capacidade
de autoconhecimento e auto-estima.
Numa sociedade que está
em constante processo de aprendizado e desenvolvimento, ser aluno é
ser aprendente e interagir constantemente com as oportunidades que o
mundo lhe oferece, e estar em constante processo de aprender a
aprender ao longo da vida, influenciar e ser influenciado interagindo
de forma significativa no meio em que vive.
Na sociedade de
aprendizagem é papel dos professores criarem, estruturar e dinamizar
situações que incitem a aprendizagem e a autoconfiança nas
aptidões individuais que cada aluno possui. O grande desafio dos
professores é ampliar nos alunos a habilidade de trabalho autônomo
e colaborativo, desenvolvendo o espírito crítico. Nesse contexto,
os professores são estruturadores e incentivadores da aprendizagem e
não estruturadores do ensino.
Para que o professor se
identifique nessa sociedade de aprendizagem se torna necessário
repensar o seu papel, recontextualizar a sua identidade e
responsabilidade profissional e se considerar em um firme processo de
autoformação e identificação profissional, ser um professor
reflexivo numa sociedade profissional reflexiva.
A escola reflexiva
busca formar professores que sejam seres pensantes, intelectuais e
capazes de administrar sua ação profissional, é também papel da
escola avaliar e questionar a si própria como agência de ensino. A
atitude de reflexão constante na escola e nos professores manterá
presente a importante questão da função que o professores e a
escola desempenham na sociedade, ajudando a buscar soluções,
resolver problemas por meio da metodologia da pesquisa-ação
constituindo um processo de mudança social e planejada. Através da
pesquisa-ação, do desenvolvimento da capacidade de reflexão, o
questionamento dos outros fatores educativos, o confronto de opiniões
e abordagens, a auto-observação, a supervisão colaborativa, as
perguntas pedagógicas e outras estratégias, a escola poderá ser
bem sucedida na busca pelo desenvolvimento da formação de
professores reflexivos e numa escola reflexiva.
A mudança de que a
escola precisa é uma mudança padigmática. Porém, para mudá-la, é
preciso mudar o pensamento sobre ela. É preciso refletir sobre a
vida que lá se vive, em uma atitude de diálogo com os problemas e
as frustrações, os sucessos e os fracassos, mas também em diálogo
com o pensamento próprio e o dos outros, (ALARCÃO, Isabel, 2001)
Referência
Bibliográfica
ALARCÂO, Isabel.
Professores Reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez,
2003.

Trabalho Profissional

Publicações
Alarcão,(1994), “ A didática curricular na formação de professores” in A. estrela e J. Ferreira.
(Org.), desenvolvimento curricular e didáctica das disciplinas Actas do IV Colóquio Naional da secção Portuguesa da Association Internationale de Recherche en Sciences de L’Éducation. Lisboa: AFIRSE?AIPELF.
Alarcão , I . (2001), “ Novas Tendências nos paradigmas de investigação em educação”.
Alarcão, (Org), escola Reflexiva e Nova Racionalidade.Porto Alegre, Artmed Editora.
Alarcão, I. ET. AL. (2004) Percursos de Consolidação da didactica de Linguas em Portugal.
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